Bateria Xoxoteria
A Anne, o Dillan (ambos já tinham contato com música) e Cadu entraram na faculdade em 2005 e, desde o primeiro InterUnesp, sempre gostaram de ver as baterias animando as torcidas e o “desafio” de baterias (que ainda não era desafio, mas apenas um acordo entre as maiores e acontecia na tenda mesmo, tipo roda de samba). Surgiu então a vontade de ter uma bateria de Marília, mas dependiam da atlética para comprar instrumentos e isso foi acontecer no meio de 2007. No dia 13 de agosto aconteceu o primeiro ensaio da bateria da Unesp de Marília.
Haveria uma competição esportiva no mês seguinte da criação da Bateria, chamada Marilíadas e a bateria precisava de um nome para usar nos uniformes para tocar. Após várias sugestões, o Dillan notou que praticamente só mulheres iam nos ensaios, e que a FFC possuía mais mulheres do que homens, por isso sugeriu o nome Xoxoteria, a princípio foi uma piada mas acabou sendo aceito pela maioria. E aí que entra a Anne, que nos disse as seguintes palavras: “Na mesma hora, eu lembrei de um monólogo que vi na tv chamado ‘Reclaiming Cunt’, que falava sobre o porquê das palavras que se referem ao órgão sexual feminino serem usadas como xingamento, principalmente por homens, e terminava dizendo que as mulheres deveriam reconquistar essas palavras, que não são palavras feias.
Casou perfeitamente com a situação, e achei que o nome era perfeito para uma bateria de maioria mulher, num universo de baterias onde as mulheres só tocavam tamborim”. Assim ficou decidido que a Bateria da Unesp de Marília se chamaria Xoxoteria a partir de então.
A Gestão da Xoxoteria
A bateria conta com uma diretoria administrativa e musical. A administrativa é dividida nos cargos de: Presidência, Vice-presidência, Financeiro, Marketing, Eventos, Torneios, Patrimônio e Gestão Pessoal. Na musical temos a Mestre, os líderes e sub-líderes de cada naipe.
Abrangência
A Bateria Universitária do Campus de Marília conta com aproximadamente 50 alunas e alunos dos cursos de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciências Sociais, Filosofia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Pedagogia, Relações Internacionais e Terapia Ocupacional como membros dessa instituição.
O primeiro desafio de baterias oficial aconteceu em 2007, como a Xoxoteria tinha apenas 2 meses, não participamos. No desafio de 2008, participamos e ficamos em último lugar. Enquanto quem ficou em segundo chorava de tristeza, nós chorávamos de felicidade por ter participado e comemoramos mais que o campeão. Ao conhecer integrantes das outras baterias ouvíamos muitas perguntas como “mas por que as meninas tocam surdo? Não tinha nenhum homem para tocar?”; “Já é difícil organizar bateria com meninos, imagina com meninas”, e até parabéns “por serem mulheres, vocês tocam bem”, entre outras pérolas.
Mas mesmo assim resistimos e, em 2010, Anne sai do surdo e vira mestra e o InterUnesp viu pela primeira vez uma mulher na frente de uma bateria. A partir daí, nossa preferência na mestria e presidência sempre foi por mulheres.
Mas a Xoxoteria teve que vencer muitos obstáculos principalmente por ser uma bateria majoritariamente feminina. No início, quando começamos a fazer show, nós não éramos chamadas para tocar nos eventos por entretenimento ou por fazer um show legal, mas sim porque aquele monte de mulher podia “atrair” o público masculino. Nessa época, a diretoria chegou a cancelar alguns convites com intenções pejorativas. Demos sempre preferência para eventos que trouxessem visibilidade pelo nosso empenho e nosso trabalho, como quando tocamos na Nestlé, ou nos eventos dentro da própria universidade. Nosso espaço dentro da universidade também foi de muita luta, devido ao nome alguns estudantes acusavam a gente de objetificar sexualmente as mulheres, chegando até cartas de repúdio para nós.
A Xoxoteria passou por diversas fases de reforma, em alguns anos chegamos a perder mais de 50% dos ritmistas que se graduaram e tivemos que iniciar um novo processo de aprendizado. Foi assim que em 2013 decidimos criar uma diretoria que vem se aprimorando até hoje.
Já estivemos no top 6 do InterUnesp, e na segunda divisão. Nenhuma dessas posições interferiu no entusiasmo, e na vontade de tocar. Sempre na diretoria tivemos a presença de ritmistas com personalidade muito forte, pulso firme e muito amor pela bateria, e as lideranças majoritariamente femininas.
Como a Xoxoteria Atua
A Xoxoteria tem como princípio promover atividades extracurriculares através da cultura da música, visando o convívio social no ambiente acadêmico, salientando maior e melhor convivência dos seus alunos e o bom desenvolvimento desses. Participamos de eventos acadêmicos, esportivos e sociais dentro da universidade, porém, isso não significa que somos reconhecidos por ela com direito a um espaço adequado para guardar nossos instrumentos ou qualquer tipo de auxílio que vise a preservação e crescimento da bateria.
Além da bateria universitária a Xoxoteria promove festas, participa anualmente de projetos da Secretaria da Cultura da cidade de Marília e realiza shows em aniversários, casamento, formaturas, festas em geral na cidade e região.
Participação em Torneios de Baterias
- 2010: Campeã DUB – Marília
- 2011: 6º Lugar na 1º Divisão InterUnesp – Marília
- 2012: 9º Lugar na 1º Divisão InterUnesp – Jaboticabal
- 2013: 3º Lugar na 2º Divisão InterUnesp – Assis
- 2013: Campeã DUB – Marília
- 2014: Campeã 2º Divisão InterUnesp – Botucatu
- 2015: 6º Lugar na 1º Divisão InterUnesp – Araraquara
- 2016: 5º Lugar na 1º Divisão InterUnesp – P. Prudente
- 4º Lugar na TABU
- Estandartes TABU: Agogô
- 2017: 5º Lugar na TABU
- Estandartes TABU: Mestre; Agogô
- 2018: Vice-campeã no Batuque InPrudente
- Estandartes Batuque InPrudente: Chocalho; Agogô; Repique
- Campeã no Repique InPrudente (Matheus dos Santos e Roberto Sabino) 2019: 6º Lugar no Batuque InPrudente
- Estandartes Batuque InPrudente: Tamborim
- 4º Lugar na Divisão de Acesso do InterUnesp
A Xoxoteria Hoje
No final do ano de 2019 muitos ritmistas se formaram deixando a bateria. Com o cenário atual causado pela COVID-19, não iniciamos a nossa escolinha, consequentemente dificultando a entrada de novos ritmistas. As aulas EAD também favoreceram para a saída de alguns ritmistas que formam neste ano, pois com aulas online os ritmistas optaram por voltar para as suas cidades.
Mesmo nessa situação, tentamos interagir nos grupos com os ritmistas por meio de jogos, playlist de músicas, conversas corriqueiras e etc. Também utilizamos posts nas redes sociais para engajar nosso público e levar entretenimento em um período tão complexo.
Esperamos (pós-vacina) prepararmos ensaios de resistência uma vez por semana, pois devido ao tempo parados nos preocupamos com a resistência e desenvolvimento dos nossos ritmistas, no qual visamos uma volta gradual para não ocorrer risco de possíveis lesões nesses. Também planejamos um ensaio de shows uma vez por semana para melhorar nossos shows e aumentarmos nossa harmonia, de forma que não sobrecarregue os ritmistas com ensaios às 23h como tínhamos, por exemplo. Um workshop também vai ser fundamental nos nossos planejamentos futuros, para além de incentivar, aprofundarmos técnicas e criatividades.
Não podemos nos esquecer também da nossa expectativa para depois da pandemia, nos reunirmos para conhecer os novos ritmistas que iriam entrar esse ano, fazer nossos churrascos no domingão a tarde, participar de torneios novos que iriamos nesse ano também e integrar com novas baterias, se divertir, emocionar, passar nervoso, chorar, rir, e olhar pro lado e ver a família que temos e que cada emoção vale a pena!
Todos os textos do projeto são de elaboração da própria bateria cabendo ao Batuque Interior apenas a revisão deles e eventuais edições gramaticais ou semânticas, preservando ao máximo o conteúdo original.
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